quinta-feira, 29 de agosto de 2013

As telas



Bom, eu nem precisaria escrever nada depois desta imagem, mas ainda assim arrisco umas breves palavras.
Vivemos numa época em que as pessoas não querem mais se olhar nos olhos. Preferem as telas.
Talvez seja porque elas, as telas, produzam um efeito diferente através de seus filtros e aplicativos e eticéteras da tecnologia.
Um filtro que embeleza, que enrusti, que maquia um verdadeiro "eu".
Talvez porque estas mesmas telas escondam uma timidez refugiada.
Ou talvez ainda porque ao olharem-se entre telas, o superficial lhes basta, deixando o íntegro, o sumo, o miolo, de lado.
Confesso que eu gosto destas telas.
Gosto de trocar mensagens, perco tempo olhando facebook  e postando fotos e fatos (discorrerei sobre isto no próximo post), mas não troco a companhia de um amigo num bate papo real, pela tela do notebook, Iphone, Ipad ou Inãoseioque.

Evidente que a tecnologia virtual facilita.
A rede dispõe de recursos que nos aproximam de pessoas distantes, separadas pelo oceano, por estradas, por idiomas ou separadas apenas pelo que julgam "falta de tempo".
A rede facilita, mas também engana.
E quando eu falo que engana, não é nem pela produção que sê vê nas fotos, com roupas, e maquiagens, e imagens de fundo.
Engana quanto ao caráter, quanto ao comportamento, quanto ao hábito.

Aquele que se diz "um homem bom", pode ser um mau-caráter. E vice-versa.
A tela não tem detector de mentiras.
A tela não julga e nem proíbe alguém querer ser o que não é.
Ela só mostra. Imagens e caracteres.
E nós vemos, observamos, quiçá analisamos, e se quisermos, acreditamos.

Abonamos uma conduta cibernética que mal sabemos de onde provém.
Mas depois, do facebook pro face to face, aí é que é.

Não estou difundindo nada, nem numerando, nem citando quem, quantos, quais são.
Só abri um comentário sobre o que vem acontecendo, sem generalizar.
Até porque uso, gosto, digito e mostro.

Quase fugindo do assunto, volto na questão que me incomoda.

Seria eu, uma destas milhares de pessoas que não se dão conta que a tela está lhe consumindo?
Consumindo o tempo, os dias através de posts e atualizações sem que se dê conta disso?

Seria eu uma destas pessoas que não vê seu amigo passar na rua porque está "teclando" enquanto caminha?

Seria eu uma compulsiva por SMS e inbox e "news feeds"?

Ò céus...se estou me tornando assim, livrai-me  Senhor.


Se não daqui a pouco vou estar lambendo a tela do computador/celular, ao apreciar uma taça de sorvete com calda de morango.
Ou aproximando o nariz pra sentir o perfume das tantas lindas paisagens que aparecem na tela.
Ou sentindo o arrepio de um toque através de uma imagem.

Não...não quero!

Eu ainda sou do tempo do face to face.
E confesso: prefiro assim.

Um comentário:

Unknown disse...

Salve Graziela.
Paz!
Importante, relevante e oportuno este seu artigo.
Gosto de beber em todas as fontes, não me fixar. Agora, uso o apóstolo Paulo que diz: "Tudo lhe é possível, mas nem tudo lhe convém".
Parece-me, por ora, que passamos da linha do conforto e já estamos vivenciando, como humanidade, a da preguiça. E isso está nos tornando seres obesos mental e intelectualmente.
Agradecido por sua reflexão.

Mhanoel