quinta-feira, 30 de setembro de 2010

areia nos meus pés

Ah! como são gratificantes os momentos mais simples da vida numa circunstância inusitada.
Nada como sair da rotina no dia de semana, dar um pulinho na praia mais próxima e sentir-se "tocada" pelo mar.
Normal é a correria habitual dividida entre trabalho e estudos. Não diria  "anormal", e sim fundamental esta entrega aos  grandiosos pequenos prazeres.
Antes de abrir as portas do carro , uma pausa para tirar o tênis. Lógico, sentir a areia da praia entrar por entre meus dedos é entusiasmante.
Em seguida, o momento de maior gozo: os pés na água gelada do mar. Pra aliviar, pra descarregar,ou melhor do que isso, pra revigorar.
Não há como não se render aos encantos dessa terapia.
A respiração  tranquilizante, o vento movendo toda a areia e o sol resplandecente é o cenário perfeito para uma rápida sessão relaxante do cotidiano.

Mesmo sabendo que depois dessa magia toda vem a  realidade , ainda assim este encontro é transcedental!

E ao retonar a rotina, quase atrasada para o expediente, dei-me conta de que ainda havia areia nos meus pés.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Somatizando

Temos o inconcebível hábito de somatizar problemas, frustrações e quando menos esperamos, estamos ali, na situação desconfortável do stress.
Tão desconfortável, a ponto de desistir de fazer as coisas que gostamos, pelo fator desencadeado: desmotivação.
Nesta soma um tanto quanto desagradável de fatores externos desgostosos, estão também o perdão, ou melhor dizendo, a falta dele.
Guardar raiva, mágoa, inveja e ressentimentos  faz mal á saúde. Faz com que a pessoa se torne rabugenta, chata e por consequencia: isolada, o que só piora ainda mais o quadro.

Dia destes, comprei um livro de crônicas da Martha Medeiros e li um texto bem interessante, escrito por ela, mas com citações de uma psicóloga americana, Louise L. Hay, onde afirma que:

"Pesar, tristeza, raiva e vingança são sentimentos que vieram de um espaço onde não houve o perdão. Pedoar dissolve o ressentimento"
Pasmem meu caros, é fato comprovado cientificamente já!
Matéria da revista Veja, assunto de artigo de jornais e por aí vai; objeto de estudo das mais variadas áreas da medicina.

Seguindo a leitura no texto, encontrei algo ainda mais interessante e que me valho de um trecho aqui, por achar de curiosidade indispensável:
" Louise L. Hay acredita tanto, mas tanto nisso, que chegou a fazer uma lista de doença  e suas prováveis causas.
Exemplo: apendicite vem do medo. Asma, de choro contido. Câncer, de mágoas mantidas por muito tempo. Derrame, da rejeição á vida. Dor de cabeça vem da autocrítica. Gastrite, de incertezas profundas. Hemorróidas vem do medo de prazos determinados e raiva do passado. A insônia vem da culpa. Os nódulos, do ego ferido. Sinusite é irritação com pessoa próxima."
Claro que não podemos atribuir estas doenças a somente estes fatores. Em verdade é soma de tudo.
Ousando uma diagnóstico nada preciso, eu poderia dizer que são doenças psicossomáticas, com interferências dos nossos sentimentos sobre o nosso corpo.

Afinal, onde pretendo chegar com o assunto  (a mim desconhecido) em questão?

Uma justificativa para um jeito despojado de ver/ser/agir.

Eis uma das razões de destinar relevância notável aos pequenos prazeres da vida.
Aqueles que prezo, que sigo e que ainda procuro!
Não sou pretenciosa a ponto de me eximir de qualquer um dos fatores e doenças lá acima citados...mas a busca e o aperfeiçoamento, são para obter uma melhor e mais leve forma de viver!


livre, leve e solta!

em consequência, saudável!

sábado, 18 de setembro de 2010

Ágata

Ágata era uma moça que vivia numa cidade distante de grandes metrópoles.
Crescera humilde, dentro da normalidade dos padrões de uma classe social média.
Sempre tivera tudo que quisera, bastava um olhar "pidão"  e lá estava ela, toda prosa deslifando com seu novo brinquedo.
Os anos foram passando e Ágata fora descobrindo a vida de uma forma dura, porém ontológica.
Resolvera a moça, sair de dentro de sua redoma e ver como as coisas acontenciam de fato.
Deparou-se com inúmeras desilusões, decepções incontáveis e sempre se perguntara: será que eu mereço esta dor?
Mas apesar de demonstrar uma fragilidade tamanha, Ágata tinha um leão dentro de si. Voraz, capaz de alimentar-se de pessoas. Não propriamente das pessoas, mas do conhecimento que podia absorver delas.
Repetia a si mesma que embora todos os ventos fossem contrários a ela, jamais desistiria de seguir em frente.
Caminhava na direção dos ventos tantas vezes para facilitar seus movimentos e quando necessário, mudava a rota; e mesmo contrária ao vento e as dificuldades que encontrara no caminho, permanecia no trajeto.
Curioso era que, apesar de tanto caminhar Ágata não tinha certeza de onde realmente queria chgar.
Ela só queria viver.
Não da forma que observara as pessoas ao seu redor. A forma superficial, sofredora, fútil.
De tão intensa que era sua vontade de existir, Ágata decidira que viver seria do  jeito dela  e não do jeito de ninguém e dos modelos oficiais de condicionamento implantado na humanidade.
A corajosa moça, tentou, rebelou-se e determinou que embora boa parte da população queimaria-a tal qual Joana D'Arc, por tomar decisões contrárias aos padrões, assim mesmo arriscou.
Quebrou paradigmas, superou olhares infames, ditos caluniosos e foi em busca de algo que lhe pudesse comprovar o real sentido da vida.
Fato era que, mesmo não sabendo exatamente o que buscara, encontrou uma sucessão de novidades e sentimentos que antes desconhecera.
Ah, de relevância notável  é a informação de que , Ágata fora criada dentro de um sistema repressivo de sociedade. Viera de uma família estruturada em cima de bases e princípios instituídos na época de ditaduta. De uma educação rígida, de pouco diálogo e de muita proibição.
Levara algum tempo até que a doce garota descobrisse a forma de como discenir a  proibição em função de cuidado, da repressão pura e simplesmente sem sentido.
Mas por não desistir de  tentar, ela conseguiu.
E quanto ao fato da Joana D'Arc?
Não, Ágata não fora queimada. Mas sofrera sim com olhares discriminatórios vindos dos mais conservadores e falsos moralistas.
Ainda assim ela resolvera que não lhe bastara.
Descobrir sentimentos e novidades era o mínimo. Ela queria sempre mais.
Fora atrás de conhecimento. Abastecia-se de toda e qualquer informação.
E por assim fazer, dentre os erros e acertos pelos quais passara, dentro de seu modo de ver as coisas, chegara a conclusão que estava na rota certa.

A "pobre" moça, abrira mão de uma vida confortável e tranquila fundada em um casamento aparentemente bem sucedido, por perceber que sua concepção de felicidade era muito mais que uma casa, um filho, um emprego razoável e a escolha de um jogo de sofá na promoção.
Ágata era diferente de suas amigas.
Pensava diferente em relação a concepção de realização de vida. Tornava-se nítido nos encontros com as mesmas a discordância de idéias. Porém, a compreensiva moça entendera que cada qual pensa e age da forma que lhe convém.
Ouvira na sua adolescência, uma frase que muito marcara sua vida: "CADA UM SABE A DOR E A DELÍCIA DE SER O QUE É" e sendo assim respeitara sempre, o modo de ser de outras pessoas.
Ela resolvera abrir mão do pacote de felicidade. Não por simples rebeldia, mas por uma maneira considerável de ver a vida. Deixou o pacote pronto da felicidade e decidiu por si só, montar o seu próprio pacote.
A habilidade de pensar era inerente a sua formação de caráter, lhe fora dada em forma de benção, e por isso, pensara...

E por tanto pensar, é que sempre seguira em frente, sem questionar muito sua decisão. Porque sua determinação, lhe mostrara que apesar da dor, das quedas, da dificuldade, o enriquecimento lícito, nobre e consistente da alma, far-se-ia jus a tamanhas pedras no caminho.

Ágata, corajosa, determinada, racional e como uma doce mulher que era, permanece na busca.

Aqui cito eu, como forma de que Ágata não mais existira, ao que me julgo como "ela era".
Ela não era. Ela ainda é.
Ela ainda vive!
Não sei de sua rota, mas tenho ceteza de que continua em movimento.
Confusa, talvez  sentada frente ao nada descansando, mas firme no propósito da busca!