Um tanto quanto desconhecido pra mim, fui buscar uma definição
- ainda que vaga - pra esta concepção de
amor livre, que vem sendo pregada pelo senso comum.
Segundo o Wikipédia:
“O termo amor livre tem sido utilizado desde o século XIX
para descrever o movimento social que rejeita o casamento e despreza
esteriótipos e que acredita no amor sem posse, controle ou nome.”
Ainda assim esta definição não foi suficiente.
Segue mais um trecho:
“[...]o movimento pelo amor livre não defendia
especificamente relações de curto-prazo ou a existência de múltiplos parceiros
sexuais.[...]
Pois bem, parece então que esta
moderna, embora ainda desconhecida forma de amar mereça tempos de conversas e
entendimentos até que seja realmente aplicada.
Busco na raiz do meu questionamento, algo que possa
sustentar esta minha ignorância quanto ao assunto.
Eu faço parte da grande maioria que nasceu, cresceu, e teve sua criação baseada nos moldes
familiares patriarcais.
Pai, mãe, irmãos, enfim, toda a sua árvore genealógica.
Embora tenhamos tempos modernos, com famílias de dois pais,
duas mães, um pai só, uma só mãe, posso acreditar que independente desta “formação
familiar”, o que sustenta este laço, é o amor.
O amor livre, no meu conceito, é o sentimento que se tem
pelo outro, que mesmo não o tendo perto de si, ainda assim nutre o amor. Amor
este que é sustentado pelo carinho, respeito, preocupação, esforço, risos,
lágrimas e tantas outras formas.
Isso vem ao encontro da primeira citação que fiz acima,
encontrada na “biblioteca virtual’ Wikipédia: “Amor sem posse, sem controle ou
nome”
Até aí ok.
Mas para que haja este amor livre, não é simplesmente você
dizer que não existe posse, não existe documento que obrigue duas pessoas a
ficarem juntos, se não em razão de sentimento.
È necessário que exija-se respeito!
Senão vira bagunça.
Vejo pessoas pregarem o amor livre, mas não entenderam que
isso significa viver de fato este amor, e não esperar isso apenas do amado.
Exemplo prático disso é quando um ser diz amar outro, sem
posse, sem controle, mas inconsciente diz: “é meu namorado, é meu marido”.
Pronto, se já diz que é seu, é porque considera sua posse
sim.
Outro exemplo de amor livre, e este falido, é o de haver o machismo escondido nestas entrelinhas, onde o boy prega o amor livre, para que
não haja vínculos, não haja ciúmes, não haja cobranças, mas ao ver-se numa situação
onde a girl quer também viver este amor livre, ele sente-se “traído”.
Oras bolas, quer dizer então que são dois pesos e duas
medidas?
Vivemos num mundo que a era pratiarcal não foi ainda
eliminada do contexto de sociedade. Era machista (e não que eu seja feminista),
mas uma era onde a mulher se envolve emocionalmente enquanto o homem tem de
evitar vínculos de afeto, para não parecer piegas.
Sendo assim, vejo que supostamente o homem tem o direito do
amor livre, sem comprometimento, enquanto que a mulher, pra não cair no campo
da promiscuidade, não pode aderir ao amor livre.
Há uma linha tênue entre estas definições de amor livre, que
por desconhecimento ou egoísmo vem sendo erroneamente disseminada.
A meu ver, trata-se de armadilha substituir o amor
romântico pela idealização do amor livre, haja vista que isto não resolve os
problemas de relacionamentos. Talvez até crie outros, que se não medidos, podem
cair numa “ corrente” de problemas.
Em concordância com a segunda citação do Wikipédia acima, o
amor livre não prega promiscuidade, vários parceiros, mas isto alguns “pregadores
da palavra” não entenderam.
Amor livre pra uns, pode ser do tipo que ama, mas tem
desejos de estar com outros parceiros sexuais para sanar suas necessidades.
Ama, mas se aparecer outra coisa melhor, “desama”.
Amor livre pode ser ainda, uma coisa de não haver responsabilidades de vida a dois de ajudar o parceiro, de ouvi-lo, de cuidá-lo.
Assim mesmo, sendo chamado de coisa.
Porque para uns, amor livre é como uma coisa, e não como um
sentimento.
Diante dessa observação, eu concluo que eu não vivo a era do
amor livre não.
Porque se eu tenho um parceiro, se escolhi estar ao lado
dele e ter intimidades de uma vida a dois, de acompanhá-lo, cuidá-lo, eu exijo respeito.
E se exigir respeito é cobrança, que por sua vez é posse,
então eu não vivo o amor livre mesmo.
Amor livre prá mim, é dedicar sim meu amor a uma única
pessoa (eu não consigo me apaixonar por duas pessoas ao mesmo tempo) , livre de
possessividade (estou tentando), e livre de machismo.
Amor livre prá mim é não ter regras, padrão, formalidades,
mas sim respeito.
Pode ter papel (certidão de casamento), pode ter alianças,
ou pode simplesmente ter o brilho nos olhos.
Mas o que não pode, é desrespeitar o sentimento alheio.
Este tal de amor livre, há de gerar vários questionamentos,
pois tem vertentes que podem ser discutidas.
Há que saber que existem pessoas com sentimentos, outras
sem, que a sociedade moderna talvez ainda não esteja preparada, que as relações
monogâmicas ou poli podem ser vividas porque quem as escolher, que existe machismo,
existe falso moralismo, e que isto interfere sim neste “amor livre", entendido
por uns e desconhecido pra outros.
È assunto amplo, que eu arrisco apenas dar minha opinião sobre meu ponto de vista.
E este ponto de vista pode mudar, afinal, só não muda de
opinião quem não tem.
Mas quer mesmo saber?
Prá mim o amor é livre quando não há amarras, e sim quando existe a vontade de ficar. E ficar pra somar, pra respeitar e pra evoluir.