Saber fechar as portas…
É isto que venho algum tempo discutindo comigo
mesma e algumas vezes trocando idéias
sobre tal assunto com determinadas pessoas.
A vida é uma sucessão de oportunidades e realmente
é necessário fechar uma porta para poder vislumbrar a abertura de outra.
Fato é que ficamos tão presos às coisas vividas no
passado (nem tão distante), que a escolha de encerrar uma fase, uma etapa da
vida e iniciar outra, passa a ser tão dolorida que acabamos por postergar
decisões, por retardar resoluções.
Saber mudar, querer mudar ou precisar mudar.
Pouco importa o verbo que vai aderir ao uso, o que
cabe aqui citar aqui é a consequência desta alteração.
Diante desta amarga dúvida entre o que já está
acomodado e o que grita por mudança, há um abismo de incertezas gritantes que
ensurdecem quem se obriga a decidir:
- De um lado tem a tranquilidade, o conforto já
pré-estabelecido.
- Do outro tem o sabor do novo, do desafio, da
busca, que são fundamentais para que nos mantenhamos vivos.
Como tudo na vida tem o ônus e o bônus, a escolha
de algo não é diferente.
Abre-se mão de um, por outro.
O sofrimento é parte predominante nesta situação,
haja vista que ao abrir mão de algo, não saberemos se estamos fazendo a coisa
certa. Ficamos nos chicoteando, amargando a decisão, alimentando um sentimento
de perda.
Sofrimento
inútil.
Porque se resolvemos abrir mão de algo é importante que investiguemos
as razões:
- Pode ser que estejamos vorazes por uma mudança:
de cidade, de estado civil, de cor de cabelo. Pouco importa qual seja, mas uma
mudança. E ao decidir por ela, ficamos com pesar daquela que estamos nos
desvinculando.
Bobagem. Se sentirmos esta necessidade é porque a
zona de conforto já não é mais tão satisfatória ou deixou de ser o objeto de
desejo.
Só saberemos que a decisão foi acertada no momento
em que sentimos o êxtase da realização, mesmo que ele dure apenas alguns
momentos.
E quando sentir isso se desprenda do que ficou para
trás quando a porta fora fechada. Não há que se martirizar por algo que
deixamos. Há sim que sentir saudades, de forma que isto não lhe aprisione ao
passado e sim que faça-nos a ver oportunidades futuras.
- No caso de ter tomado o rumo errado, não se
renda! Volte atrás. Saiba reconhecer que a tentativa foi válida, mas que sob
uma análise de tudo o que envolvera a situação, é melhor que as coisas retornem
ao estado anterior.
É duro admitir perdas. Somos desenvolvidos para a
obtenção do sucesso. A Sociedade em
geral nos insere num contexto onde é inadmissível que fracassemos. Porém a
sociedade não conhece nossos anseios e angústias.
O que vale para um, não é adequado para outro.
Por isto a busca e, por isto temos o livre arbítrio
da escolha.
E ao escolher, decidir de que forma servir-se desta
decisão.